Veja o projeto do próximo ABEPRO Convida: a gestão de riscos na cadeia de suprimentos na pós-pandemia: percursos e percalços.

Na próxima quinta-feira (25/06) será transmitida mais uma edição do ABEPRO Convida, programa semanal de conteúdos sobre Engenharia de Produção, sempre com a presença de profissionais relevantes.

Os temas são sugeridos pelos próprios participantes do programa e, desta vez, o diretor da ABEPRO Sérgio Elias (UFC), escolheu o tema “a gestão de riscos na cadeia de suprimentos na pós-pandemia: percursos e percalços”. Para enriquecer a conversa, Prof. Sérgio convidou Prof. Dr. Henrique Correa (Rollins College) e o professor, pesquisador e consultor Marcus Vinicius C. Fagundes (UFBA, UESB e European Research Center for Information Systems).

Confira os detalhes do projeto enviado e acompanhe a transmissão ao vivo, às 19h, na quinta-feira (25/06), no canal do YouTube ABEPRO Play.

“Existe um consenso de que as cadeias de suprimentos globais estão cada vez mais complexas e vulneráveis a rupturas que podem produzir sérias consequências para a sociedade (Kleindorfer & Saad, 2005; Tang, 2006; Craighead et al., 2007; Asgari et al., 2016). Na maioria dos casos, as interrupções na cadeia de suprimentos são devidas a riscos naturais, causados pelo homem ou por diversas fontes de incertezas (Kleindorfer & Saad, 2005; Esmaeilikia et al., 2016; Heckmann et al., 2015).

No início deste século, a questão do risco da cadeia de suprimentos foi destacada, inicialmente, por temores relacionados a possíveis interrupções do muito divulgado “bug do milênio”. O Y2K passou sem grandes incidentes, embora as perturbações causadas pelo terremoto de Taiwan em 1999, pela febre aftosa no Reino Unido em 2001 e pelos ataques terroristas do 11 de setembro nos EUA tenham sublinhado a vulnerabilidade das modernas cadeias de suprimentos (Sheffi, 2001; Jüttner et al., 2003). Nas duas décadas posteriores, vários exemplos mostram as dramáticas consequências e dependências entre entidades da cadeia de suprimentos e sua vulnerabilidade a gatilhos disruptivos. De acordo com Stecke & Kumar (2009), o risco de interrupções na cadeia de suprimentos aumentou nos últimos anos devido ao progresso da globalização, aumento da terceirização e do foco intensificado na eficiência e no lean management.

Conforme o 15th The Global Risks Report 2020 do World Economic Forum cerca de 44% dos especialistas e líderes mundiais entrevistados pensam que “a erosão das cadeias globais de suprimentos” é um risco econômico que aumentará em 2020 em comparação a 2019. Além disso, atualmente o mundo vivencia uma pandemia sem precedentes provocada pelo surto do Coronavírus SARS-CoV-2 (COVID-19). Entre fevereiro e abril de 2020, o Institute for Supply Management entrevistou mais de 600 profissionais para entender o impacto dessa pandemia na cadeia de suprimentos. Quase 95% dos entrevistados relatam que suas cadeias de suprimentos serão ou já foram impactadas pelo spread do COVID-19. O surto afeta as operações das empresas, as finanças e a forma como as pessoas trabalham. Um em cada cinco entrevistados lista a interrupção das operações como um dos três principais impactos. Metade dos entrevistados informa que espera que as metas de receita anual de suas empresas diminuam, em média, 22%. A pandemia enfatizou a importância e a necessidade de planos eficazes de mitigação de riscos para interrupções de suprimentos em larga escala e longo tempo.

Diante desse cenário, se faz necessária a discussão da “gestão de riscos da cadeia de suprimentos na pós-pandemia”, tal como proposto para esta live da ABEPRO. A compreensão geral desse tema é elementar para uma análise crítica sobre os atuais desafios e perspectivas do Brasil e do mundo frente à retomada do desenvolvimento global. Neste contexto, engenheiros de produção têm um papel decisivo na formulação coletiva de novas políticas públicas, modelos de negócios e organização produtiva em níveis local, regional e global. Portanto, a ampla promoção do referido tema é de suma importância para engenheiros, gestores e demais profissionais militantes nas áreas de gestão da cadeia de suprimentos, logística, produção e operações.

A seguir, propusemos algumas ideias gerais para condução das discussões na referida live. Essas ideias foram norteadas pelo capítulo do livro do Prof. Henrique Correa sobre “gestão de risco na cadeia global de suprimentos” (Corrêa, 2018), além dos artigos especializados publicados em periódicos internacionais do Prof. Marcus Fagundes (Fagundes 2020a; 2020b).

  • Discutir “o que é e como avaliar risco” no âmbito da gestão global de cadeias de suprimentos;
  • Discutir como criar cadeias globais de suprimentos mais “robustas e resilientes”;
  • Discutir os mecanismos de gestão de risco da cadeia de suprimentos: processo, modelagem e resultados;
  • Contextualizar a gestão de risco da cadeia de suprimentos na pós-pandemia: reflexões críticas sobre os desafios e as oportunidades para o futuro das cadeias de suprimentos do Brasil e do mundo;
  • Concluir e indicar referências para aprofundamento de estudos (livros, artigos científicos, etc.).

Referências:

Asgari, N., Nikbakhsh, E., Hill, A. & Farahani, R. Z. (2016) Supply chain management 1982–2015: A review. IMA J. Manag. Math., 27 (3), 353–379. DOI: 10.1093/imaman/dpw004

Corrêa, H. L. (2018) Administração de cadeias de suprimentos e logística: integração na era da indústria 4.0. São Paulo: Atlas, 2. Edição.

Craighead, C. W., Blackhurst, J., Rungtusanatham, M. J., & Handfield, R. B. (2007) The severity of supply chain disruptions: Design characteristics and mitigation capabilities. Decision Sci., 38, 131-156. DOI:10.1111/j.1540-5915.2007.00151.x

Esmaeilikia, M., Fahimnia, B., Sarkis, J., Govindan, K., Kumar, A. & Mo, J. (2016) Tactical supply chain planning models with inherent flexibility: Definition and review. Ann. Oper. Res., 244 (2), 407-427. DOI: 10.1007/s10479-014-1544-3.

Fagundes, M.V.C. et al. (2020a) Decision-making models and support systems for supply chain risk: literature mapping and future research agenda. European Research on Management and Business Economics, v. 27, p. 62-69. DOI: 10.1016/j.iedeen.2020.02.001

Fagundes, M.V.C et al. (2020b) Two decades (1999-2019) of supply chain risk management modelling: A systematic literature network analysis review. IMA J. of Management Mathematics, xx. DOI: xxxxxxxxxxx.

Franco, E. G. (2020) 15th The Global Risks Report 2020. World Economic Forum. Retrieved from: <http://www3.weforum.org/docs/WEF_Global_Risk_Report_2020.pdf>

Heckmann, I., Comes, T. & Nickel, S. (2015) A critical review on supply chain risk: Definition, measure and modeling. Omega, 52, 119-132. DOI: 10.1016/j.omega.2014.10.004.

Institute for Supply Management (ISM). COVID-19 and supply chains: increasing impacts, decreasing revenues. Retrieved from: < https://weareism.org/docs/White-Paper-Corona-V2.pdf>

Jüttner, U., Peck, H. & Christopher, M. (2003) Supply chain risk management: outlining an agenda for future research. Int. J. Logist – Res. App., 6 (4), 197-210. DOI: 10.1080/13675560310001627016

Kleindorfer, P. R. & Saad, G. H. (2005) Managing disruption risks in supply chains. Prod. Oper. Manage., 14, 53-68. DOI:10.1111/j.1937-5956.2005.tb00009.x

Sheffi, Y. (2001) Supply chain management under the threat of international terrorism. Int. J. Log. Manag., 12 (2), 1-11. DOI: 10.1108/09574090110806262

Shema, H. 2013. “What’s wrong with citation analysis?” Available at: http://blogs.scientificamerican.com/information-

Stecke, K. E. & Kumar, S. (2009) Sources of Supply Chain Disruptions, Factors That Breed Vulnerability, and Mitigating Strategies. J. Mark. Chann., 16 (3), 193-226, DOI: 10.1080/10466690902932551

Tang, C. S. (2006) Perspectives in supply chain risk management. Int. J. Prod. Econ., 103 (2), 451-488. DOI: 10.1016/j.ijpe.2005.12.006.

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